Principal   |   Edição   |   Notícias   |   Arquivo

 

#gazetanit #cristinalebre #palavras

 
Publicado em 16/09/2017

 

Palavras • Cristina Lebre

Por que a indignação, ministra?

Assistimos, com alguma surpresa, o pronunciamento da Ministra Carmem Lúcia na noite do dia 05 de setembro último, vindo a público exigir investigação célere e respostas imediatas às questões levantadas sobre o STF em áudio de conversa entre empresários denunciados pela Justiça.  Em seu discurso, a presidente do STF profere a certeza da irrepreensibilidade  da Suprema Corte, de sua efetiva representatividade junto à sociedade, e da inquestionável honorabilidade de seus integrantes.  

É surpreendente observar a crença, por parte da instituição que ela preside, na máxima de que o tribunal ainda representa o interesse maior da população brasileira. Pois se não observamos medidas efetivamente céleres no que se refere ao julgamento de autoridades políticas que somente legislam em causa própria e não parecem ter outro interesse a não ser enriquecer e manter-se no poder à custa de milhões de vidas de reais trabalhadores?  

Estamos cansados de discursos vazios. Estamos cansados de trabalhar, pagar impostos e não ter reconhecidas, por parte dos governantes, a nossa dignidade e a nossa honra. Daqui do andar de baixo só se vislumbra a empáfia de um grupo de togados cheios dos mimos que somos obrigados a sustentar, a cuidar do bem, e dos bens, de sua corporação e das instituições vizinhas, que também deveriam trabalhar pela população, mas que não medem esforços em admirar seus umbigos fartos de glutonarias e bebedices às custas de um erário falido.

E se estamos aqui necessitando de tudo, do mais básico que uma nação pode ter para se sentir nação, e se não sentimos quase nenhuma dessas autoridades inclinando-se de suas confortáveis poltronas para nos dirigir o olhar, podemos afirmar que o sistema da exploração, da opressão e do descaso também faliu. Nenhum dos poderes, incluindo o STF, conta mais com a nossa confiança. Moralmente falando, é triste e difícil dizer, estão todos falidos diante de nós.  

Com todo o respeito que a ministra merece, mas também me valendo do meu direito de cidadã honesta e trabalhadora, convido-a a pensar por que existem hoje no Brasil criminosos de colarinho branco se sentindo em condições de questionar ministros da Suprema Corte.   Será que a equipe que lidera está realmente com os olhos abertos e fixos diante da imensa responsabilidade que tem junto a este gigantesco país ? 

A informação que podemos dar a eles daqui de baixo, das ruas em que somos assaltados todos os dias, do alto dos morros sem saneamento, água encarnada ou luz,  dos supermercados que aumentam os preços todos os dias a despeito dos números baixos de inflação,  dos hospitais sem insumos, das escolas sem estrutura nem valorização do professor, das delegacias esfarrapadas, das contas que não nos permitem atrasos nos pagamentos e da carga insuportável de impostos que pagamos,  é que o que há entre a Suprema Corte e nós, o povo brasileiro, é um fosso profundo.   Um poço sendo cavado diariamente pela omissão, pelo casuísmo e pela vaidade.

Por isso não nos unimos à indignação da ministra. E pedimos a Deus que ilumine os pensamentos dessa Corte. Que leiam Isaías 58 e tenham consciência plena do tamanho da responsabilidade que lhes foi imputada. A esperança nunca morre, ministra. Porque sabemos que em Deus está todo o poder. Que Ele abra os olhos dos governantes, e que assim todos possam ver.

* Cristina Lebre é autora dos livros Olhos de Lince e Marca d’Água à venda nas Livrarias Gutenberg de Icaraí
e São Gonçalo, pelo portal da editora, www.biblioteca24horas.com, ou e-mail lebre.cristina@gmail.com

  COLUNAS ANTERIORES  


Edição 224 | Tarados, acabou para vocês!

Edição 216 | Um dia (nada) ameno


 


Expediente | Contato (21) 99590-5340 | Anuncie

Copyright © 2011-2017 Gazeta Niteroiense   Todos os direitos reservados.