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Os Velosez e Furiosos da Niterói-Manilha, ou quando ‘Easy Rider’ virou motoboy de nona categoria

     

Publicado em 29/09/2016

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Duas motocicletas de no máximo 150 cilindradas faziam zigue e zague entre os carros na mau caráter estrada Niterói-Manilha. Na moto de trás, preta, um adesivo branco, bem grande, colado no tanque de gasolina: “Velosez e Furiozos”. Assim mesmo, com o S no lugar do Z, Z no lugar do S e muito cocô de pomba na cabeça do famigerado condutor.

Um deles quase arrancou meu espelho retrovisor e o sujeito do carro da frente xingou os dois motoboys (ambas as motos carregavam aqueles baús para entregas na garupa), que faziam a tradicional “saudação” empinando o dedo médio da mão. Se estivesse armado, tenho certeza que o tal sujeito do carro da frente ia metralhar.

Depois vieram outros, e outros. Lá na frente uma moto estava caída no acostamento e uma ambulância do Samu atendia o sujeito que parecia bem. Enfim, as motocicletas de hoje que arrotam pelas ruas conduzidas por bípedes que ostentam Q.I. de protozoários nada tem a ver com aquelas do passado. Românticas, pinta de cafajestes de baixos teores, imortalizadas por Marlon Brando, James Dean, Evel Knievel, Dennis Hopper, Peter Fonda.

Assisti ao filme “Easy Rider”, de 1969 (no Brasil chamou-se “Sem Destino”) no final de 1970 num cinema chamado Alvorada, em Teresópolis. O filme acabou se tornando um clássico do chamado “road movie” e todos nós, adolescentes, vibramos no cinema com aquela viagem de Wyatt e Billy (Dennis Hopper e Peter Fonda) ao som de Jimi Hendrix, Steppenwolf e muitos outros.

A fumaça de maconha, cigarro com Melhoral, cheirinho da Loló e similares era tal que disseram que o lanterninha do cinema começou a recitar Alziro Zarur, botou o piru pra fora e começou a escrever seu nome com xixi na parede lateral da sala.

O tempo cavalgou e mais recentemente, num delicioso voo entre o Rio e Porto Alegre, vi o anúncio de uma moto Harley Davidson numa revista. Lembrei de “Easy Rider” e constatei que o filme nada mais é do que a saga de dois vagabundos, dois à toas, traficantezinhos que passavam a vida levando cocaína, heroína e similares do México para Los Angeles e sonhavam passar o carnaval em Nova Orleans.

O chamado “charme transviado do motociclista” acabou virando essa cloaca urbana que está aí. Flanelinhas trepados em estrumes sobre rodas arriscam não só as suas vidas mas as nossas, sobem e descem de calçadas, em geral andam de chinelo (tipo Ryder), bermudão de surfista do Planalto, boné com a aba virada para trás no lugar do capacete, sem camisa, óculos escuros espelhados modelo 4 por 30 reais, cabelo a la Neymar e “tocando o terror” como dizem para os amiguinhos no final do dia.

Esses são motoqueiros. Eu fui motociclista. Até mais ou menos 2005 e minha última moto foi uma Suzuki DR 800 que adorava. Vendi porque perdi o medo dela. E quando o sujeito perde o medo de moto é melhor vender senão vai se acabar. Isso é regra e não exceção. Gostava de rodar sozinho por aí já que como não sei montar barraca e arrumar mochila nunca pertenci aos grupos de duas rodas que viajam pelo país. E pegaria mal todo mundo acampado e eu em pousada.

Depois de muitos e muitos anos condenando aquele clone de George Bush que matou os personagens de Hopper e Fonda no final de “Easy Rider”, hoje eu entendo. Quando esses animais quase matam velhos e crianças nas calçadas, se metem entre os carros (o problema não é só um desses morrer, mas o problema eterno que causa ao motorista), enfim, são representantes (mal) motorizados da molambalização que a cada ano engole mais o Brasil, dá vontade de dar umas bofetadas.

Bofetadas que a tecla SAP dos reacionários dos EUA traduz para “tiro de escopeta 12 nos cornos”. Aquele que matou Wyatt e Billy.


 
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