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Letras | Cristina Lebre | Edição 169

Academia também é terapia

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O lugar onde eu malho é quase que surreal. Sou a primeira a chegar, chego antes até da recepcionista ou dos professores. Ao entrar, depois que a secretária aparece, os meus passos, com o tênis, ecoam por toda a casa, as luzes ainda estão apagadas, sinto como se aquele estúdio de musculação fosse todo meu. Qual nada, dali a alguns minutos o pessoal começa a aparecer. E cada um é mais do que uma pessoa, são verdadeiros personagens. Dariam um conto bizarro de Cortázar mas, agora, já que o escritor não está mais aqui, eu mesma vou falar sobre eles.

Tem a menina que todo dia leva um tupperware cheio de brigadeiros, docinhos de leite com coco (hummm, esses são os que eu mais gosto) e cajuzinhos. Ela deita o dito cujo na mesa do professor e vem buscar unzinho a cada final de série em um aparelho. Leg press, dois brigadeiros. Extensora, três cajuzinhos. Supino, mais dois docinhos brancos. A gente fica olhando e pensando, “o que ela vem mesmo fazer aqui?” E ela ainda oferece pra todo mundo, e quem não aceitar ganha sua antipatia. A garota, que está com uns quilinhos a mais – não muitos - , diz que é ela mesma quem faz os docinhos e que eles estão uma delícia. Ai de você se disser “não, obrigada”. Sexta-feira eu como três, um de cada. E assim vamos levando.

Tem o cara que se filma todos os dias na ergometria. Ele liga a esteira e gruda a pequena filmadora no vidro à frente. Passa uma hora se filmando dando os mesmos passos naquela tábua rolante de monotonia. A gente fica se perguntando o porquê daquilo. “Será que ele vai levar pra nutricionista dele? Ou pra esposa, pra provar que estava no treino?” É realmente instigante. Tudo bem que ele está precisando perder umas gordurinhas mas também não é nada assim tão desesperador. Ah, e no final ele limpa a esteira toda com álcool gel. Excesso de assepsia, na opinião de todos.

Tem ainda o rapazinho efeminado que, no dia em que começou a malhar lá, foi determinado com o professor: “quero ficar com este corpo”, e mostrou uma foto da Grazi Massafera! Hã? Nosso querido mestre da musculação, de moreno que é, virou um fantasma! Gente, eu não estou brincando. Aconteceu mesmo! Desnecessário dizer que nossos abdomens ficaram sarados de tanto rir, não teve nem que treinar essa parte do corpo naquele dia! Pelo amor de Deus, nada contra os gays! Mas alguém que é do sexo masculino, originalmente, querer ficar com corpo de estrela da Globo, nem em clínica de cirurgia plástica! Eu, hein!

Tem também a loura desbocada. Ao final de cada aparelho ela solta um palavrão. E bem alto! Não posso repetir aqui, mas são os mais cabeludos que vocês conhecem. Tem que fingir que não está ouvindo, ai! Na verdade ela é gente muito boa. Mas meus tímpanos saem estourados, coitados.

Tem a senhora super simpática que conversa com todo mundo. Aliás, ela conversa tanto que não malha nada! É sério, a gente morre de rir com ela. E dela. Eu vivo gritando, “vai malhar o corpo ou a língua, senhora?” E ela me manda praquele lugar, abrindo seu sorriso gostoso. Ela passa bem uma hora conversando com o professor, outro dia eu soube que os dois têm o whatsapp um do outro e que o papo continua pela rede depois do pseudo-treino. Ao final de vários minutos ela faz um bracinho, um gluteozinho, e vai embora feliz da vida: academia também é terapia!

Tem o meu amigo que conta umas piadas muito engraçadas, mas a gente só se fala entre uma série e outra, pra não perder muito tempo. E tem a minha pessoa também, que todo mundo encarna porque eu só treino com o celular na mão. Nos intervalos das séries estou nas redes, me atualizando. A senhora que não para de conversar, e come os brigadeiros da outra, também me zoa direto: “e você, vai malhar ou ficar no Facebook?” Na verdade eu cumpro todo o meu roteiro. Mas se tenho que descansar entre um aparelho e o outro, por que não dar uma espiadinha no Instagram, que eu amo?

E assim vamos malhando as carcaças e rindo à vera! Falamos mal da Dilma, do PT, do PMDB, de todos os políticos, os homens falam de futebol, claro, e tem uma nutricionista linda que quase não consegue treinar, coitada, de tantas perguntas que disparam em sua direção: “posso comer mais de 5 g de sal por dia? E o glúten, tem de tirar mesmo? E lactose também? E a taça de vinho por dia, é pra tomar ou não?” Tadinha, ela é uma graça, atende a todos, e a gente a aluga tanto que até ficamos com pena e nós mesmos mandamos ela voltar para o aparelho.

Enfim, malhar ainda é um dos melhores remédios pra essa nossa vida tão difícil! Só não tem nem um homem lindo pra gente admirar, é verdade, e disso todas se queixam, a começar pela loura libertina. Mas aí também já é querer demais, né? Bóra treinar!


 
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